quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Entrevista: Victor De La Rocque


Victor De La Rocque é artista paraense e despontou no cenário artístico de Belém em meados de 2000, seguindo junto a uma geração de novos artistas visuais locais. Performer influenciado pelo teatro, por Marina Abramovic, David Bowie entre outros, utiliza o vídeo e a fotografia como dispositivos de registro para desenvolver suas proposições. Participou de diversas exposições dentro e fora do Brasil, tais como: Caos e efeito (itaú cultural, 2011) / Festival Performance Arte Brasil (MAM Rio de Janeiro, 2011) / Landscape Bodies (IKRA Dance and Performance Art Festival, Haparanda/ Tornio, Suécia). Nessa entrevista Victor conversou um pouco conosco entre cigarros e cervejas, falou sobre seu processo de criação e parcerias artísticas.  




1- Quem é Victor De La Rocque?

Cara, assim... Eu não sou. Eu estou. Estou sempre em construção. Não consigo me definir. No hoje, sou um artista que anseia, que busca, que incendeia. Um cara que gosta de ler muito, e é viciado em cigarros, sorine e água perrier.



2- Como e quando a ARTE se tornou parte da tua vida?


Poxa, desde pequeno eu sempre estive envolto nisso, eu ia na casa do meu avô, ele sempre escutando os vinis do Caetano, Gilberto Gil, Gal, Mutantes; meu avô lê muito, até hoje, ele me emprestava sempre algum vinil, e eu acho que fui me construindo ali. 



Just in time. Portugal 2012
3- Por que Arte?

Boa pergunta. Não sei. Tudo que eu gostava se relacionava com isso. Passava por isso. se entrecruzava com isso. Às vezes, eu corro-fujo-escondo querendo me bandear por outros caminhos, mas sempre me deparo com a arte. Então, não reluto mais. 



A banheira. Victor De La Rocque e Luciana Magno. Belém, 2007
4- No inicio de tua carreira fizestes alguns trabalhos com a Luciana Magno. Fala um pouco de como era essa produção.

Pô, Luciana é minha parceira. Temos uma afinidade/cumplicidade. Sempre trocamos. Sempre nos estendemos até mais tarde em nossas conversas. Brindamos à Lygia Clark, Hélio Oiticica, entre outros. Somos cúmplices na vida e na arte. Trabalhar com Luciana é sinônimo de intensidade. De entrega. Do visceral. 
Estamos pensando em alguns outros trabalhos juntos. Mas, ainda não posso falar sobre isso. Fizemos alguns produções em parceria agora em Londres, depois serão expostos por aqui. Daqui a pouco vocês vão ver. (pausa para outro cigarro). 



Just in time. Portugal 2012
5- O que tens lido, visto e ouvido. Podes nos falar um pouco das tuas influências?

Bicho, tenho lido bastante. Mas, um livro que não está saindo de perto de mim é um do James Joyce. Retrato do Artista Quando Jovem. Já leu? Que incrível, não?! Como alguém pode passar pela vida, sem ler James Joyce? Alguns filmes do Aleksandr Sokurov tem feito também minha cabeça, como “o Pai e Filho”. E claro, claro, escuto muita música, Bob Dylan, Bjork, Velvet Underground, músicas francesas entre outras. 

6- Vez por outra, tens produzido festas na noite de Belém, fala um pouco de como rola essa tua outra faceta.

Verdade, eu gosto da noite. Daí meus amigos me chamaram para tocar em algumas festas (começou assim), e depois já estávamos produzindo outras festas. Não é uma coisa que eu me envolvo. É pra rolar de maneira despretensiosa mesmo, sem querer virar empresário da noite, essas coisas. É mais para curtir mesmo. Mas, são bem legais. Passem por lá qualquer dia.



O senhor é meu pastor e nada me faltará. PA. 2011

7- Quais são tuas principais referências artísticas?

Referências artísticas...putz, são tantas: Marina Abramovic, Beuys, Bas Jan Ader, Tinho, Shima, Oriana Duarte, Edson Barrus, David Bowie .


O senhor é meu pastor e nada me faltará. Salão Arte Pará 2012
8- Dentro da tua produção (seja processo ou produto final), veiculada nos últimos anos, o que mais te agradou, seja pela polêmica gerada e/ou pelo status recebido?

O Gallus Sapiens, todo o projeto, aquela performance em que eu entro num cone para abater galinhas - gosto muito desse trabalho em especial. 


9. Deixando de lado questões ambientais, há vários processos do “Gallus Sapiens” onde uma relação autoritária envolve esse homem que manipula as galinhas, como enxergas tua relação com esses animais?

Meu, isso é um projeto artístico ! Não tenho esse negócio de maltratar os animais, apenas é uma questão artística. O meu fazer artístico. Esse negócio é pudor demais. Tanta coisa acontecendo, tanta miséria, tanta violência, e só tem a campanha para não maltratar os animais, aff ! É uma questão maior- estamos falando de arte.


Gallus sapiens. Brasília





Gallus sapiens. Brasília. 





















10- Quais são os projetos atuais e quais são os projetos ainda não realizados?

Tem um trabalho que dedico ao cineasta Apichatpong Weerasethakul. Que gosto muito. Vou divulgar aqui, algumas fotos, alguns vídeos também. E como sempre estou em construção, sempre estou produzindo, muitos projetos estão vindo por ai. 

11- Como tu enxergas/lês o circuito de arte da cidade de Belém? Quais os meios de inserção neste circuito e como ele se constitui?

Pô cara, acho que tem crescido, não tanto quanto gostaria, mas tem crescido. Com os novos salões, novas galerias, e claro, iniciativas individuais. Novos coletivos surgindo ai, tem a galera do Gotaz também, a revista Não-Lugar, o Atelier do Porto, tem muita coisa boa. Belém tem artistas incríveis, o Norte tem se destacado incrivelmente, tem uma efervescência no ar. (pausa final pra uma Heinekken gelada + cigarros).

Agradecimentos: Luciana Magno (responsável pela elaboração de algumas perguntas)

Mais informações: http://vimeo.com/user4684642



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